A recuperação econômica necessária

Atualizado em 13 dezembro, 2017

Após dois anos seguidos de retração, com recuo da economia brasileira de 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016, a expectativa para este ano gira em torno de apenas 0,6% – insuficiente para recuperar tudo o que perdemos nos últimos anos. Adicionalmente, dois anos seguidos de queda no PIB é algo praticamente inédito no país, visto pela última vez nos longínquos anos de 1930 e 1931, quando a economia brasileira passou por uma queda de 2,1% e 3,3% no PIB.

No presente ciclo de retomada que se inicia, essa recuperação será bem mais lenta, por isso, observar o passado é fundamental, pois historicamente as crises são didáticas e abrem novas janelas e oportunidades, ao nos mostrar onde estamos errando e por consequência nos forçar à mudança.

Os dados preliminares do PIB de 2017 revelam que o crescimento econômico brasileiro atual é fruto basicamente de uma modesta recuperação do consumo e das exportações, 1,4% e 0,5% no segundo trimestre respectivamente. Os demais componentes do PIB, como os gastos do governo, as importações e os investimentos continuam apresentando queda este ano. Aliás, o investimento, principal motor do crescimento econômico sustentado de uma nação, está com tendência de queda em proporção ao PIB desde meados de 2013 e muito abaixo do ideal.

Ainda nos faltam reais substratos para afirmar que o Brasil finalmente inaugurou um novo ciclo de crescimento econômico.Estamos fazendo igual ao que fazíamos antes da crise: dependendo de um efêmero consumo, incapaz de manter um crescimento sustentado, e dos ventos internacionais para crescer. Mudar o padrão de acumulação da economia brasileira de maneira real é a única forma de o Brasil sair mais fortalecido desta crise econômica. E essa mudança passa invariavelmente por dois aspectos basilares: ampliação dos investimentos, capazes de aumentar a produtividade da economia e redução gradativa da taxa de juros, a fim de se manter o processo de consolidação de um robusto mercado interno. Caso contrário, o crescimento previsto para os próximos anos de nenhuma forma virá e estaremos fazendo mais do mesmo e o mais do mesmo todos já sabem aonde nos leva.

Artigo originalmente publicado na edição  04 e 05 11.2017 do Diário Catarinense, na coluna EM DIA

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