ARTIGO: Recuperação em Santa Catarina ganha corpo

Atualizado em 05 outubro, 2017

Depois de atravessar um dos períodos mais críticos das últimas décadas, a economia brasileira continua fragilizada no antepenúltimo mês do ano, mas inquestionavelmente com um horizonte melhor ou mais estável do que em 2016 e 2015.  Se a crise foi perversa no país, minando a confiança de consumidores e de empresários, em Santa Catarina o cenário foi diferente. O Estado não foi só um dos últimos a entrar em recessão, como também o primeiro a sair.

Desde o início do ano, o comércio colhe bons resultados no volume de vendas e foi o primeiro do país a apresentar números positivos, conforme dados do IBGE. A reversão desta tendência negativa foi registrada já no mês de abril ao atingir um crescimento de 1,3% na taxa ampliada acumulada em 12 meses, que leva em consideração atividades de material de construção e veículos. Enquanto o estado marcou alta de 5,4% em julho, último dado disponível, no Brasil as vendas retraíram 2,8%.

O mercado interno consolidado- com a relativamente baixa informalidade, renda e emprego estáveis, menor disparidade social e maior acesso ao crédito-, a retomada na geração de emprego e a liberação do saldo inativo do FGTS permitiram a SC dar este salto de crescimento em 2017. Um ano antes o estado amargava o pior resultado da série história, com queda de 8% em julho.  

Este otimismo, no entanto, precisa ser ponderado. O crescimento ainda está muito concentrado em dois segmentos: supermercados, visto que a deflação nos preços dos alimentos puxou para cima o volume de vendas (13,9%); e o segmento de equipamentos e materiais de escritório, com forte alta de 23,5% na taxa anualizada.  Esse desempenho é bastante significativo por que representa uma retomada dos investimentos na economia catarinense, fator determinante para a volta do emprego e a solidificação do processo de recuperação econômica. Afinal, sem investimentos não retomaremos o caminho seguro do crescimento sustentado.  

Já os outros segmentos que dependem mais do crédito, como móveis, eletrodomésticos, combustíveis, tecido e vestuário, ainda não deslancharam nas vendas. Os móveis, por exemplo, apresentaram queda de 17,8%, e o segmento de vestuário de -5,7% em julho. Os números já dão sinais de estabilização ou estão retraindo menos em relação aos meses anteriores, o que permite afirmar que o processo de recuperação desses segmentos também já começou e é questão de tempo para os demais voltarem a apresentar resultados positivos, paralelamente a reação do mercado de trabalho, crescimento da renda real e do crédito.  

Até lá, é importante que a população e o empresariado catarinense continuem trabalhando pela aprovação de medidas como a reforma tributária e política, que criam efetivamente um novo Brasil, mais competitivo e dinâmico. 

Publicado originalmente no Diário Catarinense, em 05/10/2017

O presidente da Fecomércio SC,Bruno Breithaupt, passa a assinar a coluna Em dia, quinzenalmente, às quintas-feiras

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