ECONOMIA

IPCA aumenta 0,31% em abril e segue em patamar acima do teto da meta de inflação

Atualizado em 20 maio, 2021

O nível de preços oficial, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 6,76% no acumulado de 12 meses ao encerrar abril com acréscimo 0,31% frente ao mês anterior. Esse resultado infringe o limite máximo da meta de inflação definida para o ano de 2021, que é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. No ano, o IPCA acumula alta de 2,37%, maior resultado para o ano desde 2016, quando a inflação registrada foi de 3,25%.

Dentre os noves grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta na passagem de março para abril. O resultado foi influenciado em grande medida pelo setor de Saúde e Cuidados Pessoais com alta de 1,19%, seguido da Alimentação e Bebidas, cujos preços subiram 0,40%, acelerando em relação aos 0,13% do mês anterior. O grupo de saúde e cuidados pessoais teve impacto, principalmente, pela alta dos produtos farmacêuticos (2,69%), resultado da autorização do reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) a partir do dia 1º de abril.

Movimento oposto foi apresentado no setor de Transporte, com deflação de 0,08% no mês, com destaque para a gasolina que após dez meses seguidos de alta obteve a primeira queda de 0,44%. No entanto, o recuo mais intenso veio do etanol (-4,93%).  A redução da taxa de câmbio de 4,09% em abril, passando de R$/US$ 5,65 para R$/US$5,40 pressionou negativamente o preço do combustível. Esse movimento de apreciação do real frente ao dólar permanece nos primeiros dias de maio, com o fechamento da taxa de câmbio em R$/US$ 5,22 (10 de maio de 2020).

No acumulado dos 12 meses, o índice é afetado com mais intensidade pelo grupo de alimentos e bebidas (12,31%), artigos de residência (11,85%), transportes (11,47%) e Habitação (5,43%). Apresenta deflação nesse período apenas o grupo da Educação (-1,19%).

O movimento de aceleração da inflação levou o Copom a deliberar, por unanimidade, pela segunda alta consecutiva na taxa de juros, assim, a SELIC passou de 2,75% para 3,5% ao ano, acréscimo de 0,75 pontos percentuais.  Importante destacar que o comitê sinalizou nova alta em igual magnitude para a próxima reunião, marcada para dia 15 e 16 de junho, podendo alcançar 4,75% ao ano.

O cenário de risco inflacionário, de acordo com o Copom, está atrelado ao eventual descontrole das contas públicas e seu impacto no endividamento, assim como do retardo ou da frustração à continuidade das agendas de reformas no Congresso. Vale reforçar que a comissão especial que tratava da reforma tributária foi dissolvida durante a primeira semana de abril, tornando seu destino incerto.  Além disso, as incertezas crescentes em relação ao recrudescimento da pandemia e a velocidade da vacinação seguem norteando o risco da inflação e os efeitos sobre a continuidade do retorno das atividades econômicas.

Por fim, a condução de uma política monetária mais restritiva pode pressionar negativamente as perspectivas atuais dos empresários, especialmente aqueles que tomaram créditos pós-fixados. Além disso, níveis de preços acelerados reduzem o espaço para o consumo e os gastos das famílias tendem a cair. À exemplo desse momento, o volume de vendas do comércio varejista, calculado pelo IBGE, mostra sinais de arrefecimento com recuo de 0,6% comparada a fevereiro. Esse movimento negativo atinge o quarto mês seguido, totalizando média de queda de 2,5%, entre dezembro e março, na série com ajuste sazonal do mês atual em relação ao mês anterior.

Acompanhe o indicador: 

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