ECONOMIA
INFO: Impacto das taxas de juros nos investimentos e consumo das famílias
A Fecomércio SC monitora e analisa, sistematicamente, uma série de dados e indicadores macroeconômicos para fornecer informações estratégicas aos empresários do setor terciário. Com o cruzamento de diferentes índices, por meio da ferramenta de Business Intelligence (BI), é possível visualizar o impacto das taxas de juros nos investimentos e consumo das famílias em Santa Catarina.
Confira o dashboard com os dados dinâmicos e a análise da Fecomércio SC
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Gráfico 1: Impacto da variação da Selic no nível de preços e as expectativas de mercado
A taxa SELIC iniciou um ciclo de redução em meados de 2016 (14,25% a.a.) até atingir mínima histórica em agosto de 2020 (2,0% a.a.). Em virtude da aceleração dos níveis de preços e do descumprimento da meta da inflação, o Copom estabeleceu um processo de normalização da política monetária em 2021, assim, a taxa passou de 2,0% para 4,75% ao ano, acréscimo de 2,75 pontos percentuais em um intervalo de 4 meses.
As expectativas de mercado indicam que o aperto monetário deve ser intensificado até atingir 6,5% no final do ano. Esses ajustes têm como objetivo reduzir o IPCA para mais próximo da meta (3,75%) e diminuir o ritmo de aceleração, que alcançou a maior alta dos últimos 24 anos na passagem do mês de maio (0,83%) e acumula alta de 8,06% em 12 meses.
Gráfico 2 – Evolução das taxas de juros de mercado no acumulado do ano
A SELIC baliza as taxas de juros praticadas em empréstimos ou financiamentos, assim, os ajustes interferem diretamente no mercado de crédito. Entre agosto de 2020 e março de 2021, enquanto a SELIC estava em mínima histórica, a média da taxa de juros das operações de crédito ficou em 19,01% a.a. Já em abril, com a primeira alta, a taxa passou para 20,28% a.a. Movimento é semelhante ao ocorrido entre 2016 a 2020, quando a SELIC passou de 14,25% para 2% a.a e a taxa de juros diminuiu 12,05 pontos porcentuais, de 32,19% para 20,14% ao ano.
Gráfico 3 – Impacto das taxas de juros na confiança do empresário para o nível investimentos e acesso ao crédito das famílias
As variações das taxas de juros recaem sobre as expectativas dos empresários e das famílias, especialmente, em relação aos níveis de investimento e consumo. Os efeitos do aumento podem desestimular o consumo e o investimento por conta do encarecimento do crédito.
A confiança do empresário do comércio quanto ao nível de investimento está em patamar pessimista desde maio de 2020. Em maio de 2021 o índice estava em 81,4 pontos. A alta na taxa de juros pode frear a retomada, principalmente, em virtude da elevação da taxa média de juros de pessoas jurídicas para aquisição de bens. Em abril de 2021, atingiu 13,83% a.a., patamar superior à média de 2019 (13,59%) e 2020 (11,93%).
Movimento similar é observado na confiança das famílias catarinenses para o acesso ao crédito, que permanece na perspectiva negativa desde abril de 2020 (98,9%). Em maio de 2021 chegou a 56,9%.
Apesar de a média de juros para pessoas físicas estar em 25,07% a.a em abril – patamar inferior a 2019 (30,34%) e 2020 (25,60%)- apresenta movimento de alta desde dezembro de 2020.
Gráfico 4- Nível de endividamento das famílias com cartão de crédito e variação das taxas de juros
O orçamento e o endividamento das famílias catarinenses podem sofrer efeitos negativos com a ampliação dos juros, principalmente em virtude do cartão de crédito ser o principal agente do endividamento dos consumidores. Em maio de 2021, sete em cada dez famílias endividadas (73,7%) tinham o cartão de crédito como principal tipo de dívida. A expressiva taxa média do cartão de crédito rotativo e parcelado – que atingiu 335,25% a.a e 165,65% a.a – pesa no nível de endividamento e inadimplência das famílias.