ECONOMIA

Saiba os efeitos da Selic nos preços, investimentos, crédito e endividamento

Atualizado em 10 agosto, 2021

A elevação da taxa básica de juros da economia, de 4,25% para 5,25% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira (4), impacta diretamente na expectativa e na confiança do empresário e do consumidor.

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Cruzamentos 1 – Objetivo: Monitorar o impacto da variação da Selic no nível de preços e as expectativas de mercado (relatório Focus).

A taxa SELIC iniciou um ciclo de redução em meados de 2016 (14,25% a.a.) até atingir mínima histórica em agosto de 2020 (2,0% a.a.), mas em virtude da aceleração dos níveis de preços e do reflexo no descumprimento da meta da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) estabeleceu um processo de normalização da política monetária no ano corrente, assim, a taxa passou de 2,0% para 5,75% ao ano, acréscimo de 3,75 pontos percentuais em um intervalo de 5 meses. O aperto monetário realizado em agosto  (+1,00 p.p)  foi  o maior dos últimos 18 anos- naquele período (março de 2003) a taxa avançou de 25,5% para 26,5%. Ainda, o Copom permanece indicando continuidade na trajetória de elevação em igual magnitude, portanto, há possibilidade da taxa estar acima do nível de neutralidade (retirada de estímulos da atividade econômica) até o final de 2021.

Em junho, após os avanços da SELIC, os choques dos preços apresentaram leves sinais de diminuição em virtude da desaceleração da taxa de inflação oficial, que alcançou 0,53%, após atingir o maior valor dos últimos 25 anos no mês anterior (0,86%). Entretanto, esse resultado é insuficiente para conduzir o IPCA acumulado dos 12 meses (8,35%) para dentro dos limites da meta.

No âmbito das expectativas de mercado, o aperto monetário deve ser intensificado até atingir ao final do exercício 7%. Esse contexto é reforçado pela elevação de 17 semanas seguida nas expectativas da inflação para 2021, que atinge 6,79%. Nota-se que a ancoragem das expectativas do IPCA para 2022 segue tendência de equilíbrio e dentro da meta da inflação, ao situar-se em 3,71%.

Cruzamento 2 – objetivo: Acompanhar a evolução das taxas de juros de mercado (pessoa física e jurídica) no acumulado do ano.

A SELIC baliza as taxas de juros praticadas em empréstimos ou financiamentos, assim os ajustes realizados interferem diretamente no mercado de crédito. Entre agosto de 2020 e março de 2021, enquanto a SELIC estava em mínima histórica, a média da taxa de juros das operações de crédito (Total) ficou em 19,01% a.a, já em junho de 2021, a taxa passou para 19,87% a.a. Esse sutil acréscimo é sinal de que as taxas de juros levam um período mais longo para se adaptarem ao novo cenário, mas a tendência é manutenção da trajetória de crescimento. Movimento histórico é semelhante, entre 2016 a 2020, quando a SELIC passou de 14,25% para 2% a.a, a taxa de juros diminuiu 12,05 pontos porcentuais, 32,19% para 20,14%.

Cruzamento 3 – objetivo: Monitorar o impacto das taxas de juros na confiança do empresário do comércio catarinense frente aos níveis investimentos e acesso ao crédito das famílias catarinenses

As variações das taxas de juros recaem sobre as expectativas dos empresários e das famílias, especialmente, em relação aos níveis de investimento e consumo. Os efeitos do aumento podem desestimular o consumo e o investimento por causa do encarecimento do crédito.

A confiança do empresário do comércio catarinenses quanto ao nível de investimento reverteu o patamar pessimista que permanecia por 14 meses seguidos (desde maio de 2020) diante do avanço de 25,37% em julho. A expectativa de ampliar os investimentos em pouco ou muito esteve presente na maioria das respostas dos empresários em julho (62,7%). Assim, percebe-se que avanço das atividades econômicas e da expectativa de manutenção desse ciclo, sobretudo da ampliação da imunização são fatores que estão atrelando a confiança para novos investimentos.

Além disso, apesar da ampliação da taxa Selic no ano, resultando no aumento do custo de captação das instituições financeiras que tendem a repassar aos consumidores, as taxas de juros de cobradas pelos bancos levam um período mais longo para se adaptarem ao novo cenário, por isso, os empresários podem estar adiantando os investimentos para evitar taxas de juros maiores.  A Taxa média de juros de pessoas jurídicas  para aquisição de bens  atingiu no primeiro semestre de 2021 a média de 13,19% a.a., patamar inferior à média dos períodos pré-pandemia de 2019 (13,59%), 2018 (15,64%) e 2017 (18,56%).

Movimento divergente é observado na confiança das famílias catarinenses para o acesso ao crédito, que permanece na perspectiva negativa desde março de 2020, inclusive, o índice reforça movimento de redução com a aceleração com queda de 2,8% diante do mês de junho (-0,9%), terceira queda seguida. Além do mais, 56% dos consumidores catarinense afirmam ter mais dificuldade de acesso ao crédito no mês de julho. Ao comparar com igual período de 2020 (40,07%), houve avanço de 16,03 p.p, essa proporção mais elevada pode ser oriunda das diminuições de linhas de crédito, restrições financeiras, falta de garantias ou da ampliação dos juros. A  média de juros para pessoas físicas está em patamar inferior a 2019 (30,34%)  e 2020 (25,60%), ao situar-se em 24,6% a.a em junho de 2021, mas tem apresentado movimento de alta desde dezembro de 2020 (23,16%).

Cruzamento 4 – Objetivo: Acompanhar o nível de endividamento das famílias quanto ao cartão de crédito e variação das taxas de juros de cartão de crédito.

O orçamento e o endividamento das famílias catarinenses podem sofrer efeitos negativos com a ampliação dos juros, principalmente em virtude do cartão de crédito ser o principal agente do endividamento dos consumidores. Em julho, proporção das famílias catarinenses que utilizam o cartão de crédito alcançou 78,8% dos entrevistados.

Apesar da redução de 2,2 p.p na passagem do mês e após atingir o pico da série histórica iniciada em 2013 no mês anterior, com 81,0% dos entrevistados citando essa modalidade, o resultado do mês de julho é o segundo maior da série. Esse é um sinal de alerta ao orçamento das famílias catarinenses, sobretudo, pela magnitude da taxa média do cartão de crédito rotativo e parcelado, que alcançou em junho o patamar de 327,48 % a.a e 165,65 a.a., respectivamente. No âmbito da taxa parcelada, ocorreu um avanço de 15,24 p.p ao comparar com dezembro de 2020 (148,89%).

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