Eleições presidenciais nos EUA

Atualizado em 25 maio, 2018

A eleição à presidência dos EUA elegeu o republicano Donald Trump, o resultado das urnas surpreendeu, já que a maioria das pesquisas apontava a vitória da candidata democrata Hillary Clinton.

Para ser compreendida essa reviravolta, ela deve ser analisada a partir da nova configuração da economia global, no qual a Ásia se converte no grande centro industrial do mundo, os projetos de integração regional – como o europeu – não conseguem superar o baixo crescimento, o que redundou no Brexit – A saída  do Reino Unido da União Europeia -, e o forte dinamismo que se observava nas economias emergentes até meados de 2013 se esgotou. Com isso, essencialmente no caso dos Estados Unidos, é possível observar um aumento na desigualdade de renda e da informalidade do emprego, na estagnação do crescimento dos lucros e dos salários, o que se reflete no fechamento de vários parques industriais americanos, no aumento do custo de vida e fortes questionamentos aos processos de globalização.

Nesse sentido, a política tradicional é posta em descrença pela população. Os eleitores tendem a abraçar o candidato que mais representa a mudança e da maneira como se estrutura a disputa eleitoral nos Estados Unidos, o candidato que emergiu favorecido por essa atual conjuntura, foi o republicano Donald Trump.  Se mudarmos o país em questão e analisarmos as eleições municipais brasileiras, podemos ver o fenômeno de esgotamento político tradicional no processo eleitoral se repetir, haja vista que o pleito municipal de outubro possibilitou uma ascensão de vários partidos até então considerados pequenos.

Sabemos que o resultado das urnas americanas pode afetar o Brasil, hoje já é possível fazer uma breve análise desse impacto. Durante a campanha eleitoral, Trump, mostrou-se protecionista, em oposição, inclusive ao seu partido Republicano, que é conhecido por apoiar uma política de livre comércio. Prometeu, neste aspecto, rever acordos comercias com outros países e reduzir o déficit comercial que os Estados Unidos têm com o resto do mundo. O Brasil tem os Estados Unidos como o segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China. No ano de 2015 o Brasil exportou para os Estados Unidos US$ 24 bilhões e importou US$ 26 bilhões, queda de -10,9% nas exportações e de -26,4% nas importações quando comparado com 2014, o que reduziu nosso déficit comercial de US$ 7,9 bilhões em 2014 para US$ 2,3 bilhões em 2015. A política protecionista defendida por Trump pode reduzir nossas exportações aos Estados Unidos, tal medida prejudicaria a indústria nacional.

No entanto, a política externa dos Estados Unidos depende, financeira e politicamente, de muitas outras instituições a nível internacional, o que pode limitar e inclusive barrar o ideal protecionista de Donald Trump. Esse protecionismo está aderido a algo que já vem acontecendo no mundo: a redução dos fluxos comercias. Soma-se a isso, o fato de que o governo brasileiro demonstra estar mais disposto a uma aproximação dos Estados Unidos, passado o mal-estar do caso de espionagem do governo americano, nos círculos mais elevados de poder, em Brasília.

A eleição de Donald Trump à presidência, de uma das principais potências globais, para o Brasil e também para Santa Catarina precisa ser avaliada a partir de uma perspectiva de rearranjos produtivos globais, no qual a ideia de mudança se fortalece e assim beneficia o político que mais sabe encaixá-la em seu discurso. Adicionalmente, as relações entre Brasil e Estados Unidos não devem sair prejudicadas, por mais que Trump demonstre um perfil mais isolacionista. Para manter sua economia estável e em crescimento, os americanos precisam da globalização e manter boas relações com seus principais parceiros, incluindo o Brasil.

E tão logo que Trump sentar no Salão Oval dará conta disso.

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