Discurso de posse do presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt – gestão 2014-2018

Atualizado em 18 agosto, 2014

Boa noite,

Há quatro anos, na ocasião da solenidade de posse do mandato 2010- 2014, falei, às senhoras e aos senhores, – muitos dos quais novamente me honram com a presença e outros tantos que se somaram à nossa causa – da estagnação do nível de produtividade na economia brasileira. Um estudo da época apontava que o Produto Interno Bruto poderia ter aumentado 45%, entre 1990 e 2010, não fosse o efeito negativo da estagnação do nível de produtividade. Hoje recorro novamente à pauta que pouco mudou nos últimos quatro anos. O cenário é tão ruim que a revista britânica The Economist fez uma reportagem sobre o tema, em abril deste ano, intitulada “A soneca de 50 anos”, apontando que o problema é antigo e permanece sem avanços.

O problema é comum para todo o setor empresarial, pois a produtividade é um desafio cotidiano do empresário para fazer negócios no País. Diversas pesquisas apontam para um cenário crônico, com entraves que vão desde a má qualificação da mão de obra até a falta de infraestrutura, o que obriga os empreendedores a buscar soluções criativas para ganhar vantagens competitivas.

É claro que há, também, a elevada taxa de juros que penaliza a produção e onera os investimentos, aumentando o serviço das dívidas e fazendo o empresário repensar a expansão das suas atividades, travando a própria geração de novos empregos. Além disso, juros altos diminuem o consumo das famílias, que passam a encontrar piores condições de pagamento e acabam optando por não comprar produtos de valor mais elevado e que teriam margem de retorno mais atrativa para o comerciante.

E neste novo mandato à frente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina que agora se inicia, quero retomar a produtividade como uma das bandeiras desta gestão. A produtividade brasileira, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, está estagnada há três décadas. Nos anos 80, ela encolheu 1,35% ao ano. Continuou a cair à média de quase 1% ao ano na década seguinte. É verdade que avançou nos anos 2000, mas avançou apenas 0,9% por ano, cifra insuficiente para zerar os tombos anteriores.

E a baixa produtividade – senhoras e senhores – é o resultado de muitos fracassos. O investimento em inovação é um deles. A inovação tem relação direta com o investimento em pesquisa e desenvolvimento. No entanto, o investimento em pesquisa no Brasil representa apenas 1,2% do PIB, um terço do esforço japonês. Ainda que à frente dos países latino-americanos, o Brasil se mantém distante dos 34 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que em média investem 2,4% do PIB em inovação. Isso também explica a dificuldade das empresas brasileiras para atuar num ambiente mais tecnologicamente competitivo.

O fato é que a contribuição da produtividade ao crescimento econômico tem sido modesta no Brasil. Os surtos recentes de crescimento foram impulsionados basicamente por aumento de demanda. Quando o consumo estava em alta e a produção alcançava o limite, entrava em ação uma mão de obra ociosa e que ao primeiro sinal de desaceleração da economia, era descartada. Isso fez com que a massa de desempregados atuasse como um colchão para amortecer os altos e baixos da atividade econômica.

Na última década – ministro Manoel Dias -, a situação mudou. A economia brasileira cresceu 40%, a taxa de desemprego caiu de 12% para 6%. Tratou-se, obviamente, de uma excepcional notícia para o país. Porém, num cenário de quase pleno emprego, a competição entre as empresas se acirra. A consequência disso: menos lucro, menos capacidade de competir e menos fôlego para fazer investimentos.

Sabemos que o desenvolvimento hoje é o resultado de uma parceria entre o Estado e as forças privadas e que compete ao Estado criar as condições para gerar ciência, tecnologia e inovação. O Estado deve ser o indutor do crescimento, atuando de forma mais eficiente para estimular o desenvolvimento econômico, social e ambiental de modo sustentável. A propósito disso, quero dar a importância devida à iniciativa do Governo do Estado de Santa Catarina em criar o Programa Catarinense de Inovação, um estímulo à inovação e ao desenvolvimento tecnológico. A Fecomércio apoia a construção dos 12 centros do Inova Santa Catarina, um investimento de 98 milhões de reais que, tenho certeza, vai disseminar a cultura da inovação em todas as regiões catarinenses, impulsionando as nossas empresas a darem um salto na produtividade e competitividade. O desafio para os próximos anos é que o governo estadual eleve a dotação orçamentária para as áreas da ciência, tecnologia e informação, superando o mínimo constitucional de 2% do orçamento para este setor que se tornou fundamental para a nossa economia.

A vida moderna – senhoras e senhores empresários do comércio -, com a popularização da internet, estabeleceu novos padrões de consumo caracterizados pela alta volatilidade de produtos e serviços cada vez mais customizados e complexos. Este é o desafio que o setor terciário precisa encarar no sentido de inovar em suas práticas e procedimentos. O consumidor passou a ser cada vez mais informado sobre os produtos, mais exigente, a ter menos tempo para a compra e a seguir com muito mais velocidade as mudanças na moda. Um dos meios mais eficazes de cativar esse cliente muito melhor informado é saber como se comunicar com ele. E essa comunicação não se restringe mais a um único formato e a um único canal. O lojista deve não só saber utilizar os avanços na tecnologia da informação e os diferentes meios de comunicação e venda (e isso inclui loja física, e-commerce, celulares, etc.), como saber integrá-los, mantendo alinhadas as informações sobre preços, promoções e mix de produtos.

Dentro de todo esse contexto, a presença na internet ganha cada vez mais importância. Um site bem construído, onde sejam ressaltadas de forma inequívoca as políticas de vendas, de trocas, de pagamentos e de financiamentos da empresa, e onde se ofereçam canais de comunicação eficientes (e-mail e telefones, com colaboradores aptos ao serviço) é um grande aliado para conquistar a clientela.

Por isso mesmo, a Fecomércio SC vem desenvolvendo projetos voltados para o melhor uso do e-commerce por parte das empresas. O Portal do Comércio, site que reúne informações e oportunidades de negócios online para os comerciantes do Estado, foi um primeiro passo neste sentido. Além disso, pesquisas e eventos de debate visando entender o novo universo virtual de vendas também foram promovidos pela entidade, buscando cada vez mais dar subsídios para o comerciante investir em inovação nesta área.

Se não inovarmos, vamos perder cada vez mais competitividade e ficarmos atrasados em relação a outros estados e países. E Santa Catarina reúne todas as condições para inovar e construir um futuro melhor para a nossa sociedade. Por sua localização privilegiada, no coração do Mercosul, a meio caminho entre as duas principais metrópoles da América do Sul, São Paulo e Buenos Aires, Santa Catarina apresenta excelentes vantagens competitivas e ótimos indicadores sociais e econômicos para atrair investidores que queiram apostar na nova economia do conhecimento. Somos a sexta maior economia do país, com um PIB de 130 bilhões de reais e que, em 2009, equivalia ao total de riquezas de países como Paraguai, Uruguai e Bolívia, juntos. Dispomos de cinco portos exportadores no nosso litoral e temos uma infraestrutura logística, com rodovias e ferrovias em todo o interior do Estado. Com uma população rica em diversidade cultural, o nosso Estado tem o terceiro melhor Índice de Desenvolvimento Humano do país e está na segunda colocação no que diz respeito à Educação Básica.

E é justamente a educação o outro pilar fundamental para o aumento da produtividade. Qualquer iniciativa, para ter perenidade, vai exigir a educação como questão estratégica, a educação como condição e sem portas de saída. Embora Santa Catarina se diferencie de outras unidades da federação na questão educacional, os brasileiros têm, em média, apenas 7,5 anos de escolaridade. E pior: só 35% dos alunos do ensino médio são plenamente alfabetizados – ou seja, têm condições de entender um simples manual.

Precisamos garantir um país formado por técnicos, por pessoas qualificadas profissionalmente, e assim, assegurar que essas pessoas não tenham uma regressão à perda de renda. E o segundo caminho, que é uma decorrência também da educação básica, é garantir a qualidade da nossa educação, garantir que tenhamos escolas que sejam modelo no ensino fundamental.

Cabe, aqui, destacar o trabalho desenvolvido pelo Sesc e pelo Senac em Santa Catarina. Na educação infantil, em 2013, o Sesc mantinha, em suas 18 escolas, 150 turmas com 2.300 alunos no total. Na educação fundamental, eram 1.620 alunos em 85 turmas; e outros 9.800 matriculados em cursos de educação de jovens e adultos e de idiomas, entre outros. Por intermédio do Pronatec, o Senac oferece, desde 2012, cursos de formação inicial e continuada e de nível técnico nos quais já se matricularam mais de 62 mil alunos. Somente no primeiro semestre de 2014, outros 24 mil alunos se matricularam nos cursos disponibilizados no Senac pelo Pronatec. Para o segundo semestre, solicitamos ao Ministério da Educação a abertura de mais 7 mil vagas dada à procura que temos tido.

Atualmente, o Senac em Santa Catarina conta com 27 unidades de atendimento e 5 carretas escola que levam a qualificação profissional para todos os rincões do estado. O Sesc também está presente em todas as regiões do Estado, com 45 pontos de atendimento, 24 unidades operacionais, 9 unidades móveis, 3 meios de hospedagem, 26 clínicas odontológicas e 4 quadras comunitárias.

A educação – senhoras e senhores conselheiros e dirigentes do Sistema Fecomércio – é um dos pilares da nossa atuação. Entendemos que não se pode dissociar a profissionalização da força de trabalho do desenvolvimento econômico. E esse trabalho começa desde cedo, na educação infantil e no ensino fundamental, e no acompanhamento permanente dos alunos até a formação superior, quando são capacitados para o mercado de trabalho.

Hoje, o setor terciário catarinense responde por mais de 60% do PIB, representa 72% da arrecadação do Estado, e é responsável pela geração de mais de 1 milhão de empregos. O turismo, um dos principais temas da agenda política da Fecomércio, é responsável por 12% do PIB e por 75 mil empregos diretos, se considerados apenas os serviços de hospedagem e alimentação. São dados que dão a dimensão de nossa responsabilidade. São números que confirmam a importância econômica do setor que representamos. Estamos falando de uma atividade econômica diversificada setorial e regionalmente e que tem, na diretoria da Fecomércio, representatividade e unidade. Como já foi aqui nomeado e devidamente apresentado, formamos uma diretoria cujos vice-presidentes, cada qual em sua região e em seu setor, tem reconhecida atuação e estão alinhados com os compromissos que defendemos.

Nossa missão e propósitos estão firmemente calcados na crença de um associativismo moderno, participativo e responsável.
A condução e a liderança das entidades de representação sindical prescindem de transparência e firmeza de propósitos. Sua função social transcende a mera responsabilidade com as relações de trabalho. Somos responsáveis por colaborar e construir a sustentabilidade e a longevidade das empresas catarinenses e proporcionar ambiente propício de crescimento, agindo de forma colaborativa e decisiva junto a todos os órgãos da administração pública.

Conclamo portanto a nossa diretoria que ora inicia essa nova jornada que mantenha o comprometimento com esses princípios. Juntamente com nossos conselhos de representantes da Fecomércio bem como dos conselhos regionais do Sesc e do Senac e com o apoio e engajamento de todos os empresários do comércio de bens, serviços e turismo faremos uma sociedade catarinense melhor e mais justa.
 

Leia também

INSTITUCIONAL 03 maio, 2024

Fecomércio SC participa do Fórum Parlamentar Catarinense sobre infraestrutura e segurança

SESC/SENAC 30 abril, 2024

Revitalização e modernização da Faculdade Senac Caçador é entregue

INSTITUCIONAL 30 abril, 2024

Reunião de Diretoria do Sindilojas Itajaí: Inovação e Dinamismo no Centro das Ações

ECONOMIA 29 abril, 2024

Confiança dos empresários catarinenses recua 1,7% em abril, aponta relatório