MERCADO
Lições de Copenhague: comitiva busca soluções para melhorar qualidade de vida em Florianópolis
Buscar referências urbanísticas da capital dinamarquesa foi um dos objetivos da missão internacional realizada pelo Ministério do Turismo, em Copenhague, iniciada na sexta-feira (17). O presidente do Sistema Fecomércio SC, Bruno Breithaupt, integrou a comitiva brasileira, ao lado de 37 membros do movimento Floripa Sustentável. O objetivo é “importar” para Florianópolis soluções para a mobilidade e a ocupação de espaços públicos.
A delegação conheceu diferentes projetos de planejamento urbano, turismo, tecnologia e inovação, que transformaram Copenhague numa das melhores cidades do mundo para viver.
Para Breithaupt, uma das principais lições que o Brasil pode incorporar da Dinamarca é parceria entre os setores públicos e privados e o novo olhar sobre a mobilidade. “Quando se fala em cidade inteligente não se trata apenas de pensar em tecnologia, mas sim em pessoas. O que mais chamou a atenção é a questão da mobilidade e o uso da bicicleta. É visível que as ruas foram planejadas pensando primeiro nos pedestres e ciclistas, em detrimento dos veículos. Outro bom exemplo são as parcerias público-privada para requalificar os espaços públicos, que podem ser utilizadas em Florianópolis”, ponderou. Desde a década de 60, a cidade passou a reduzir os espaços para os carros e hoje quase a metade da população usa bicicleta ao menos uma vez ao dia e 41% utiliza para ir ao trabalho.
Roteiro da missão
O grupo foi recepcionado por algumas das mentes responsáveis por essas transformações: o renomado arquiteto Jan Gehl, a chefe de planejamento urbano de Copenhague, Tina Saaby, e o presidente do órgão responsável por promover turisticamente a capital dinamarquesa, Wonderfull Copenhagen, Mikkel Aaro-Hansen.
Na pauta das conversas temas como transformações urbanas, espaços públicos e ciclovias, cidade que abraça as águas – bairros no porto e atividades de lazer, orla marítima e atividades recreativas, bairros novos, as transformações de Copenhague e o futuro de Florianópolis. A agenda da delegação também contou com visita ao embaixador do Brasil na Dinamarca, Carlos Antônio da Rocha Paranhos, e ao recém-indicado embaixador da Dinamarca no Brasil, Nicolai Prytz.
Cidade para as pessoas
A Dinamarca lidera o ranking das Nações Unidas de países mais felizes do mundo, junto com a Suécia, Holanda, Suíça e Noruega. Com 1, 2 milhão de habitantes, a capital transformou-se nas últimas três décadas em um exemplo de urbanismo e qualidade de vida. As mudanças impulsionaram o desenvolvimento da cidade, reduziram o índice de violência, aumentaram a lucratividade do comércio e impactaram diretamente no estilo de vida dos moradores.
Conforme o arquiteto dinamarquês Jan Gehl, que cunhou o conceito “cidade para as pessoas”, as características destes lugares são comuns: os espaços públicos estimulam o convívio e o trânsito dá prioridade aos pedestres e ciclistas, a exemplo de Melbourne, Zurique e Vancouver. Estudioso do comportamento humano em cidades há mais de 40 anos, Gelh produziu um documentário em que mostra como as cidades modernas repelem a interação humana. Para ele, as cidades precisar ser pensadas levando em consideração as necessidades humanas de inclusão e intimidade.
Arquiteto Jan Gehl em apresentação para comitiva brasileira em Copenhague. Foto: Roberto Castro/MTur