ECONOMIA

“Sem dados não há políticas públicas”, destaca consultora da OMC no lançamento do Observatório de Gastronomia

Atualizado em 27 maio, 2019

Com um discurso potente sobre a relação entre gastronomia, criatividade, cultura e educação, a consultora em políticas públicas para economia criativa pela Organização Mundial do Comércio (OMC), Cláudia Leitão, sinalizou os desafios do Observatório de Gastronomia, lançado na noite de segunda-feira (27), em Florianópolis.

Importância da formação de profissionais- da cozinha a gestão, linhas de crédito para fomento da atividade, legislação que permita avanço do setor e a necessidade de dados confiáveis, entre outros temas pertinentes, deram o tom da palestra. “Sem dados não há políticas públicas. Daí a importância da pesquisa para os governos e o papel das universidades, para que possamos transformar dados em políticas, programas, ações. A gastronomia é uma atividade econômica pouco compreendida para políticas públicas no Brasil. O país ainda não assumiu a agenda da economia criativa. O desafio de Florianópolis agora é pensar a gastronomia como ativo econômico e estratégico, como um setor fundamental da economia”, pontua. Segundo a Doutora em Sociologia pela Sorbonne, a criatividade qualifica o estilo de desenvolvimento de vários países, a exemplo da Austrália, Portugal e Peru.

Representantes do Sistema Fecomércio SC Sesc/Senac e FloripAmanhã assinaram um termo de cooperação para selar parceria na gestão do Observatório de Gastronomia

O Observatório integra as ações da chancela de Cidade Criativa Unesco de Gastronomia, conquistada há quatro anos por Florianópolis, e traz um mapeamento das informações relacionadas à rede produtiva da cidade. No Brasil, apenas Paraty (RJ) e Belém (PA) têm o título internacional.  Shunde (China), Tsuruoka (Japão), Popayán (Colômbia), Zahlé (Libano), ChengDu (China), Jeonju (Coréia do Sul) e Östersund (Suécia) integram este seleto grupo.

Confira a galeria de fotos do evento

“Florianópolis tem na gastronomia uma importante plataforma de desenvolvimento socioeconômico, além de ser uma das maiores expressões da sua identidade. É um mercado forte, com quase dois mil restaurantes e outros serviços de alimentação e bebida, que empregam mais de 12 mil pessoas”, segundo o presidente do Sistema Fecomércio SC Sesc/Senac, Bruno Breithaupt.

No site  do observatório é possível acessar gratuitamente indicadores, relatórios, banco de imagens, produção acadêmica e videoteca. Conforme a gestora da plataforma digital, Nathalia Bernardinetti, do Senac SC, “a ferramenta servirá de base para a geração de conhecimento, fomento de políticas públicas e estímulo à cadeia produtiva da Região Metropolitana de Florianópolis”.

ARTIGO: Gastronomia: potencial turístico para Santa Catarina

Viagem pela cronologia

Para reverenciar a gastronomia local, um time de chefs  se reuniu sob a coordenação de Narbal Corrêa para assinar o menu no lançamento, que propôs  uma viagem na cronologia gastronômica de Florianópolis. O cardápio foi elaborado considerando hábitos alimentares de diferentes períodos históricos, iniciando com o Homem do Sambaqui e chegando a Florianópolis Cidade Criativa Unesco da Gastronomia.

A degustação contou com 30 itens, servidos no sistema finger food. Entre eles, ostras “in natura” representando os sambaquieiros (6200 AP), feijão marumbé com ovas de tainha defumadas, que remete aos primeiros ceramistas (2000 AP), ceviches dos Carijós (século XVI) e bolinhos do período pós-cabralino.

Uma das iguarias servidas: musse de butiá e limão galego, merengue de consertada e araçá em compota

Maricultura: tesouro da gastronomia local

O Estado é o segundo maior produtor de ostras da América Latina, atrás apenas do Chile, e hoje responde por 98% da produção nacional. Em 2017, Florianópolis foi a que mais contribuiu para a produção total do molusco no Estado, com quase duas toneladas e movimentação de cerca de R$ 11,5 milhões, de acordo com o Centro de Desenvolvimento de Aquicultura e Pesca – CEDAP, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri). A produção de moluscos comercializados (mexilhões, ostras e vieiras) por Santa Catarina somou 13.567 toneladas no ano passado, gerando uma receita bruta estimada em R$ 66.229.093,67 para o Estado, envolvendo diretamente mais de 550 maricultores, distribuídos em 10 municípios do litoral, entre Palhoça e São Francisco do Sul.

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