A (i) mobilidade urbana: gargalo para o desenvolvimento

Atualizado em 12 dezembro, 2017

No início de 2016, as duas maiores cidades do Estado, Joinville e Florianópolis, reajustaram as tarifas do transporte público. Seguramente, outros municípios seguirão a mesma política para equalizar o alto custo da atividade. O reajuste acende um debate importante para os empresários destes municípios, bem como a toda atividade econômica local. A despeito da importância dos valores, devemos observar o tema  do ponto de vista da mobilidade urbana.

O aumento do número de veículos, especialmente na última década, não foi acompanhada de investimentos equivalentes em infraestrutura, segundo a “Pesquisa de Mobilidade Urbana em Santa Catarina”, divulgada recentemente pela Fecomércio SC. Além disso, houve um forte crescimento do entorno das grandes cidades, reforçando o movimento pendular rumo à cidade polo da região. Com isso, o bem-estar da população fica ameaçado à medida que os congestionamentos só tendem a aumentar. Durante a temporada de verão, vemos o Litoral de SC sofrendo ainda mais com esse efeito.

Os problemas na mobilidade urbana no Brasil e em Santa Catarina constituem um dos maiores gargalos para o desenvolvimento econômico. Os prejuízos na região metropolitana de Florianópolis por conta do tempo gasto no trânsito chegam a 2,4% do PIB da região, equivalente a R$ 631 milhões, estima levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN).

O tempo médio do deslocamento no trajeto casa – trabalho – casa chega a 110 minutos, número elevado e que não é exclusividade da Capital. Nas regiões metropolitanas de Joinville e Tubarão, o tempo chega a 106 minutos, enquanto que em Criciúma, Chapecó e Itajaí o resultado é de 103 minutos. Para Lages, o indicador alcança 109 minutos. Em todas as grandes regiões o tempo para ir e voltar do trabalho é superior a 1h e 30 minutos.

As perdas para o Estado decorrente do tempo perdido no trânsito, em termos de produção prejudicada, são de R$ 2,2 bilhões ou 1,2% do PIB estadual de 2012. Portanto, é necessário que os reajustes se reflitam em maior conforto para os usuários locais e turistas, mais linhas e sistema de ventilação apropriado. É fundamental também a adequação da infraestrutura local, de modo a permitir a coexistência racional entre o transporte público e o privado, sem deixar de estimular o primeiro, sobretudo nas áreas de maior densidade. Caso contrário, estaremos caminhando no sentido inverso da melhoria da mobilidade e aumentando os danos para a nossa economia.

Artigo originalmente publicado no Notícias do Dia na edição de 9 e 10/01/2016

Leia também

30 novembro, 2022

Planos de transição e a situação financeira das famílias

19 julho, 2021

Reforma da previdência: uma mudança necessária

21 outubro, 2020

De olho na linha de chegada

28 maio, 2020

Impactos da pandemia em SC