Queda no consumo das famílias impacta no resultado do PIB no primeiro trimestre

Atualizado em 01 junho, 2020

PIB brasileiro registra queda de 1,5% de janeiro a março deste ano em relação ao trimestre anterior e de 0,3% na comparação com o período do ano passado, após quatro trimestres de crescimento consecutivo. Como apenas o final do trimestre foi afetado diretamente pela pandemia, o dado não reflete o impacto do coronavírus sobre o PIB do Brasil.

Considerando os componentes da demanda que conformam o produto interno do país, a maior retração na comparação trimestral com ajuste sazonal foi observada no Consumo das Famílias, que caiu 2,0. Também houve queda de 0,9% na Exportação de Bens e Serviços. Por outro lado, revertendo a tendência anterior, houve uma expansão considerável da Formação Bruta de Capital Fixo na ordem de 3,1%, o que indica a aplicação de investimentos que podem expandir a capacidade produtiva futura. Também houve incremento considerável de 2,8% nas importações no período, ainda que isso possa não estar expressando ainda os efeitos cambiais e da produção internacional que foram alterados principalmente a partir de março e podem representar problemas nos períodos posteriores.

O setor de serviços (que inclui comércio, referente ao setor terciário) foi o mais afetado na comparação trimestral e interanual, registrando variação no valor adicionado de, respectivamente, 1,4% e 0,5%. Ao analisar as atividades econômicas do Produto Interno constata-se que o grupo mais afetado foi o de Outras atividades de serviços que caiu 4,6% trimestralmente e 3,4% anualmente.

É possível constatar nos outros casos, porém, uma diferença entre a comparação interanual e a que considera o trimestre imediatamente anterior. A atividade de comércio, por exemplo, apresentou queda de 0,8% na comparação trimestral, porém um crescimento de 0,4% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. As atividades de Informação e comunicação apresentam crescimento de 1,3 na comparação anual, enquanto em relação ao trimestre passado há uma queda de 1,9%. Transporte e armazenagem acumula queda tanto interanual (1,6%) quanto trimestral (2,4%).

Esses dados confirmam o que já havia sido apontado pelo volume de vendas nas Pesquisas Mensais do Comércio e a dos Serviços, de que apesar de praticamente todos os resultados serem negativos, os serviços foram mais afetados pela crise do que o comércio, principalmente devido à redução no consumo das famílias, mas também observando  que foram afetadas as relações entre empresas, especialmente nos setores de informação e comunicação. Apenas agropecuária (0,6%) e atividades imobiliárias (0,4%) apresentaram crescimento no período, além de atividades financeiras e serviços relacionados que mantiveram certa estabilidade (-0,1%).

Os dados do PIB apresentam a dinâmica geral dos valores produzidos no país, sem permitir nesta série maior detalhamento geográfico. Ao mesmo tempo em que a queda no volume de vendas e emprego tenham se apresentado maiores do que 1,5%, o efeito desses movimentos apresenta certa defasagem considerando o valor adicionado bruto, pois a queda da renda e emprego afeta a dinâmica produtiva em períodos subsequentes e cumulativos. Sendo assim, o foco da política econômica deve ser a adoção de medidas que possam reverter as tendências recessivas que estão se conformando na economia brasileira a partir da queda da atividade econômica e do volume de vendas, assim como a perda de postos de trabalho e de renda.

 

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