ECONOMIA

Selic aumenta e juros voltam aos níveis de 2019

Atualizado em 13 dezembro, 2021

O ciclo de mínimas históricas da SELIC e de incentivo monetário a expansão econômica começa a ser encerrado e há possibilidades da taxa estar acima do nível de neutralidade (retirada de estímulos da atividade econômica) até o final de 2021 em virtude do avanço da inflação e da pressão dos preços para diversos produtos. Ainda, a alta de componentes importantes, como energia elétrica e combustível, torna o cenário mais arriscado, pois esses itens são base para formação de outros preços, e a elevação pode levar a um efeito em cascata, contaminando os demais.

A elevação da taxa básica de juros da economia, de 5,25% para 6,25% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira (4), impacta diretamente na expectativa e na confiança do empresário e do consumidor.

Confira o dashboard com os dados dinâmicos e a análise da Fecomércio SC

SELIC em ciclo de elevação em 2021

O Comitê de Política Monetária (Copom) permanece no ciclo de normalização monetária no ano corrente, ao ampliar em mais 1 ponto percentual (p.p.) a SELIC em setembro, assim, a taxa passou de 2,0% para 6,25% ao ano, acréscimo de 4,25 p.p. em um intervalo de 7 meses.  Com esse resultado, a taxa retorna aos patamares semelhantes ao início de 2019 (6,5% a.a.) e está acima do último nível da pré-crise (fevereiro de 2020 – 4,25% a.a.).  Ainda, o comitê antevê nova alta em igual magnitude para a próxima reunião marcada para final de outubro.

Em agosto, a inflação oficial acelerou 0,87% diante do mês anterior, maior patamar em 21 anos para o período, e alcança 9,68% no acumulado de 12 meses, infringindo o limite máximo da meta de inflação definida para o ano de 2021 que foi de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 p.p., para mais ou para menos.

Além da deterioração do cenário inflacionário, pesam na decisão da elevação dos juros o risco do cenário externo quanto à desaceleração da economia, refletindo a evolução da variante Delta  e o aperto monetário em economias emergentes. Do lado dos fatores domésticos, os riscos são concentrados na crise hídrica, retorno gradativo das atividades econômicas, controle das contas públicas e a ancoragem da inflação em relação à meta para 2022.

No âmbito das expectativas de mercado, o aperto monetário deve ser intensificado até atingir ao final do exercício 8,25%. Esse contexto é reforçado pela elevação de 24 semanas seguida nas expectativas da inflação para 2021, que atinge 8,35%. Nota-se que a ancoragem das expectativas do IPCA para 2022 está em tendência de crescimento nas últimas 9 semanas e encontra-se acima da meta da inflação (3,5% a.a.), mas dentro do intervalo de tolerância,  ao situar-se em 4,10%.

Taxa média de juros das operações de crédito começam aumentar

A SELIC baliza as taxas de juros praticadas em empréstimos ou financiamentos, assim os ajustes realizados interferem diretamente no  mercado de crédito. Entre agosto de 2020 e março de 2021, enquanto a SELIC estava em mínima histórica,  a média da taxa de juros das operações de crédito (Total) ficou em 19,01% a.a., já em julho de 2021, a taxa passou para 20,37% a.a. Esse sutil acréscimo é sinal de que as taxas de juros levam um período mais longo para se adaptarem ao novo cenário, mas a tendência é manutenção da trajetória de crescimento. Movimento histórico é semelhante, entre 2016 a 2020, quando a SELIC passou de 14,25% para 2% a.a., a taxa de juros diminuiu 12,05 pontos porcentuais, 32,19% para 20,14%.

Famílias Catarinenses têm maior dificuldade de acesso ao crédito 

As variações das taxas de juros recaem sobre as expectativas dos empresários e das famílias, especialmente, em relação aos níveis de investimento e consumo. Os efeitos do aumento podem desestimular o consumo e o investimento por causa do encarecimento do crédito.

A confiança do empresário do comércio catarinenses quanto ao nível de investimento situa-se em patamar otimista e avançou 16,62% na passagem do mês de agosto. A expectativa de ampliar os investimentos em pouco ou muito esteve presente na maioria das respostas dos empresários em agosto (76,7%). Percebe-se que o otimismo pode estar atrelado ao avanço das atividades econômicas e da expectativa de manutenção desse ciclo, sobretudo devido à ampliação da imunização. Mas, a elevação dos juros, as instabilidades institucionais e a elevação da alíquota do IOF podem reverter esse quadro no curto prazo.

Movimento divergente é observado na confiança das famílias catarinenses para o acesso ao crédito, que permanece na perspectiva negativa desde março de 2020, inclusive, o índice reforça movimento de redução em agosto com a aceleração da queda em 3,86% diante do mês de julho. Além do mais, 57,8% dos consumidores catarinense afirmam ter mais dificuldade de acesso ao crédito em agosto. Ao comparar com igual período de 2020 (45,48%), houve avanço de 12,32 n.p., essa proporção mais elevada pode ser oriunda das diminuições de linhas de crédito, restrições financeiras, falta de garantias ou da ampliação dos juros. A  média de juros para pessoas físicas está em patamar inferior a 2019 (30,34% a.a.)  e 2020 (25,60% a.a.), ao situar-se em 24,65% a.a. em julho de 2021, mas tem apresentado movimento de alta desde dezembro de 2020 (23,16% a.a.).

Leia também

INSTITUCIONAL 24 abril, 2024

Fecomércio SC participa do primeiro Café da Manhã da International Fresh Produce Association em Santa Catarina

ECONOMIA 24 abril, 2024

Intenção de consumo das famílias catarinenses caiu 2,8% em abril, aponta pesquisa

INSTITUCIONAL 22 abril, 2024

Fecomércio SC apresenta 5ª Agenda Legislativa para parlamentares catarinenses em Brasília

ECONOMIA 18 abril, 2024

Pesquisa indica aumento de 13% na expectativa de gasto médio para o Dia das Mães, relacionado ao ano anterior