CNC participa de debate na Câmara com posição contrária à redução da jornada de trabalho

Atualizado em 26 agosto, 2009

FONTE: Portal do Comércio

Começou na manhã desta teça-feira, dia 25 de agosto, o debate público na Comissão Especial da Câmara dos Deputados sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 231/95, que pretende reduzir de 44 para 40 horas semanais a jornada de trabalho no País e aumentar de 50% para 75% o valor da hora extra. O presidente da Casa, Michel Temer, destacou que o debate deve ser técnico e aberto a todos os participantes. “Queremos ouvir argumentos convincentes de todas as partes” destacou.

O diretor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Ambiental (Febrac), Laércio Oliveira, destacou em nome da Confederação que a PEC 231 trará impactos negativos não apenas para o empresariado, mas para toda a sociedade. “Ao contrário do que dizem os defensores da PEC, os custos de produção serão elevados para atender à demanda, o que levará à reestruturação dos negócios e à queda nos postos de trabalho”, disse Laércio. “Mudanças assim não podem ser feitas sem levar em consideração as características de cada setor”.

O representante da CNC disse também que a jornada semanal de 44 semanais, estipulada pela Constituição Federal, é um limite máximo estabelecido passível de redução por meio de acordos coletivos. “O que é pactuado torna-se lei, não trazendo prejuízos nem para os empresários nem para os trabalhadores”, exemplificou. “O setor do comércio de bens, serviços e turismo, que ora represento, é o maior empregador nacional e, conforme dados do IBGE, é formado essencialmente por pequenas e micro empresas, justamente as que serão as mais afetadas. Pesquisas mostram que a criação de novos postos de trabalho estão atreladas não a redução de horas trabalhadas, mas a medidas de incentivo à produtividade, crescimento econômico e educação de qualidade. A CNC, ao tempo em que declara-se contra a PEC, sugere a promoção de um ciclo de estudos para analisar o impacto que tal projeto gerará, se aprovado, nos setores de comércio, da indústria e de serviços”, sugeriu.

Laércio Oliveira enfatizou que para gerar emprego existem outros caminhos, como a criação de um ambiente favorável, com investimentos e crescimento sustentável, o que não acontecerá se a PEC for aprovada. “Resta claro que este não é o momento para discutir as relações entre o trabalho e o capital, que poderá resultar em danos para o País e para os trabalhadores. Reduzir a jornada de forma conclusiva, sem considerar as particularidades de cada setor, é desprezar a capacidade que empresários e governo têm de buscar acordos realistas”, afirmou, em um Salão Verde lotado.

Lupi cita média de horas trabalhadas no exterior; Armando Monteiro, da CNI, rebate

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, abriu asa participações na manhã de hoje. Fez um breve relato da crise financeira internacional e os reflexos na economia do Brasil, destacando, com números do Caged, a recuperação do consumo e da geração de emprego, para abordar a redução da jornada de trabalho. O ministro destacou que a medida não provocará falência de empresas ou demissão de empregados, uma vez que a participação da massa salarial no custo do produto de uma empresa é de 22%. “A redução da jornada de trabalho terá impacto de 1,99 ponto percentual nesse custo, que passaria para 23,99%, praticamente 24%”, afirmou.

O presidente da CNI, Armando Monteiro, rebateu os argumentos de Lupi. “Coreia do Sul e China, que concorrem diretamente com o Brasil, praticam jornadas médias muito maiores que 44 horas semanais”, afirmou. “O ministro não falou em jornadas legais, e sim em jornadas médias. A jornada média efetiva do Brasil já é inferior a 44 horas. Na indústria, 32% da jornada da indústria já é uma jornada de 40 horas semanais; 30% está entre 41 e 44 horas; e 22% entre 45 e 48 horas. Para fazemos uma avaliação correta, do ponto de vista técnico, comparável e consistente, deveríamos dizer também que a jornada média efetiva do Brasil é inferior a 44 horas”, comparou Monteiro. “Não podemos fazer um debate da mistificação nem da demagogia. Essa responsabilidade nos obriga a indicar que não há nenhuma evidência empírica que possa apontar que com a redução da jornada para 40 horas haverá aumento do emprego no Brasil. Isso é uma falácia”. Armando Monteiro destacou que outros temas deveriam ser debatidos antes da redução da jornada: “Temas mais urgentes, como a reforma tributária, deveriam ser debatidos antes. A redução dos encargos trabalhistas, a adequação do regime tributário do Brasil, para que aí sim, possamos, no momento propício, e sempre pela via da negociação, discutir esta questão”.

Cartilha

A CNC editou a cartilha A Jornada de Trabalho e a PEC do Desemprego, que será distribuída a parlamentares e entidades de classe, na qual apresenta dados comprovando que a medida, se adotada sem o correspondente ajuste nos salários, ampliará o desemprego e a informalidade, e, ainda, provocará reflexos na inflação.

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