Inadimplência cresce pelo sétimo mês seguido e atinge novo recorde em SC: 33,1%

A disparada da inadimplência continua em Santa Catarina. Em outubro, o indicador cresceu pelo sétimo mês consecutivo e alcançou 33,1% dos núcleos familiares do estado, o maior percentual desde o início da pesquisa, em 2010. O índice também segue acima da média nacional, que se manteve estável em 30,5% no mês.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada mensalmente pela Fecomércio SC em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Historicamente, a média de inadimplência em Santa Catarina é de 22%.
Segundo o presidente da Fecomércio SC, Hélio Dagnoni, o aumento de famílias com dívidas em atraso é preocupante. Ele atribui o resultado à política de juros elevados, com a taxa Selic acima dos dois dígitos há mais de quatro anos. O atual patamar é o mais alto do país em quase duas décadas.
“As famílias estão sentindo na pele o problema dos juros. Uma a cada três está com contas em atraso. Isso é bastante negativo. Precisamos urgentemente de uma redução da Selic, até para evitar impactos maiores no consumo. Estamos acompanhando de perto essa situação. Nesta semana, outra pesquisa nossa mostrou que 35% das pessoas usarão o 13º salário exclusivamente para quitar dívidas”, afirmou.
Outro dado que preocupa é o percentual de famílias sem condições de pagar as contas em atraso, que permaneceu estável em 9,7% no mês. No Brasil, a taxa foi de 13,2%, também praticamente estável em relação a setembro.
Endividamento também cresce
O endividamento, indicador que mostra a disposição das famílias em realizar compras parceladas ou financiamentos de curto e longo prazo, também registrou leve aumento em outubro, chegando a 70,4%. O número ainda está abaixo da média histórica de 75%.
A economista da Fecomércio SC, Edilene Cavalcanti, reforça a diferença entre endividamento e inadimplência:
“O endividamento, por si só, não é necessariamente ruim. Por exemplo, uma pessoa com um financiamento imobiliário está endividada, mas é uma dívida para adquirir um bem de alto valor. Já a inadimplência é sempre negativa, pois ocorre quando a pessoa perde a capacidade de arcar com as contas e começa a atrasá-las, gerando muitas vezes um efeito dominó. É importante ter essa distinção em mente.”
Tipos de dívidas
O cartão de crédito manteve-se como o principal meio de endividamento das famílias, com 89,8% dos consumidores relatando seu uso, um avanço expressivo de sete pontos percentuais em relação ao mês anterior. Os carnês permaneceram estáveis em 30,7%, indicando manutenção nas compras parceladas no varejo. Já o crédito pessoal e os financiamentos apresentaram leve recuo.